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PÓLIPOS GÁSTRICOS

– O que são?

São projeções em direção a luz do estômago, originária do crescimento anormal do epitélio da parede interna do estômago. 

 

– Frequência: 

São encontrados em 2 a 6% das endoscopias digestivas altas. A média de idade é de 65 anos, com discreto predomínio no sexo feminino (60% dos casos), podendo ocorrer de forma esporádica (mais comum) ou associados a síndromes hereditárias polipoides. 

 

– Sintomas:

São em sua maioria assintomáticos. Somente em casos raros os pólipos gástricos causam sintomas (sangramento ou sinais de obstrução).

 

-Diagnóstico:

São geralmente encontrados de forma incidental na endoscopia digestiva alta realizada por outros motivos. 

A maioria dos pólipos é benigna e com bom prognóstico, embora o tipo histológico é que definirá de fato se o pólipo é benigno. Desta forma, os pólipos gástricos devem ser ressecados (polipectomia) para estudo histopatológico e identificação do tipo de pólipo. Caso ocorra a presença de mais de um pólipo na endoscopia digestiva alta, o maior pólipo deve ser ressecado para esta avaliação histopatológica.

 

Tipos de Pólipos gástricos:

– Hiperplásico: são muito frequentes e resultam de uma regeneração excessiva do epitélio em resposta a um estímulo inflamatório crônico subjacente. Desta forma estão associados a condições inflamatórias crônicas (por exemplo, gastrite atrófica crônica, H. pylori, anemia perniciosa, adjacente a úlceras e erosões). Estes pólipos são benignos e sua evolução para malignidade é muito rara (o risco de malignização ocorre quando o pólipo é maior que 1 cm). Em pacientes com pólipos hiperplásicos sem características pré-malignas ou malignas, o acompanhamento deve ser feito baseado na presença de fatores de risco para câncer gástrico.

– Pólipos de glândulas fúndicas: é o tipo mais frequente de pólipo gástrico nas populações ocidentais (70% do total de casos). Podem ser achados incidentais de exames (mais comum) ou relacionados a síndromes polipoides hereditárias.  A forma esporádica (achado incidental) está frequentemente relacionada com o uso prolongado de inibidores de bomba de prótons, no entanto não existe contraindicação para o uso dessas medicações (IBPs), devendo-se evitar uso indiscriminado e, se necessário, manter a menor dose eficaz. Esses pólipos têm sua origem a partir da hiperplasia focal de glândulas oxínticas presentes na parede interna do estômago (mucosa). Após a confirmação histológica inicial de pólipo de glândula fúndica, não há necessidade de seguimento dos casos esporádicos. As síndromes hereditárias devem seguir orientações específicas. Em casos de pacientes jovens (antes dos 40 anos), ou com múltiplos PGFs (≥20 pólipos), ou presença de pólipo na região do antro do estômago ou com pólipos duodenais do tipo adenoma, recomenda-se a realização de colonoscopia para avaliar a possibilidade de uma síndrome polipoide associada

– Adenoma: correspondem de 6 a 10% dos pólipos gástricos e é o pólipo neoplásico gástrico mais comum. Os principais fatores associados são: gastrite atrófica crônica com metaplasia intestinal (autoimune ou ambiental), Polipose Adenomatosa Familiar (PAF) e Doença de Ménétrier. Devido ao um maior risco de evolução para câncer gástrico, todos os adenomas gástricos devem ser ressecados. Isso geralmente pode ser realizado endoscopicamente, mas, ocasionalmente, pode ser necessário tratamento cirúrgico. Após um ano da ressecção de pólipos adenomatosos, nova endoscopia digestiva alta deve ser realizada para vigilância. Em indivíduos com alto risco de câncer gástrico, a vigilância continua indefinidamente.

– Inflamatórios fibroides: apresentam etiologia desconhecida, provavelmente reacional, com risco baixíssimo de degeneração maligna. São pólipos de ocorrência extremamente rara (menos de 0,1% de todos os pólipos gástricos). Após a ressecção, esses pólipos não reaparecem e, portanto, a vigilância não é recomendada.

 

Dra. Lara Meireles de Azeredo Coutinho Machado
CRM: 20692 / RQE: 10050
-Residência médica em Endoscopia Digestiva pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo – HC FMUSP
– Especializada em Endoscopia Oncológica pelo Instituto do Câncer de São Paulo – HC FMUSP
– Mestrado em andamento no Departamento de Gastroenterologia da Universidade de São Paulo HC FMUSP